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Friday, October 20

A Coisa Mais Bonita ( ouvindo Sonata Claro de Luna)


Dorme. Minha mão no seu rosto. Dorme macio, dorme com a cabeça no meu travesseiro de lavanda e lágrima. E assim, tranqüilo, desprovido de qualquer palavra na garganta e obstáculo no pensamento, acalma seu coração. Deixa...me deixa...se deixa...escuta o sonho.
É muito estranho o que tem acontecido comigo. Estou perturbada com as coisas ao meu redor. E , ao mesmo tempo, distraída. Atravesso a rua sem olhar para os lados. Esqueço qual pé vem na frente. Me perco na minha própria casa. As pessoas têm me confundido...é muita gente...muita gente...muitos olhares, sem olhos algum ( seus olhos foram os únicos que eu vi na vida).

Não! Shiiii! Não acorda! Dorme, dorme...isso. Assim...

O suco de laranja veio amargo, mas eu, estranhamente, não quero reclamar. Normalmente eu chamaria a garçonete e diria que tem uma laranja estragada, porém agora me parece que não tenho forças para isso.

E se a gente começar a voar?
Estou me lembrando agora, eu já voei. Já. Obrigada.

Mas agora eu sinto que preciso descansar. Preciso me recompor. Estou tão exausta...tão exausta...como se meu último sopro me fora roubado. Minha cabeça está latejando, ouço vozes no jardim.
Ah! O jardim! Vem comigo, por favor! Vem...fiquei com vontade imensa de passear no jardim com você. Aquele que eu cresci, que tomei banho de mangueira, que me pendurei no cipó, que brinquei no balanço, que perdi meu primeiro dente e tomei meu primeiro tombo. Que inventei histórias, estourei “ marias-sem-vergonhas” e comi framboesa. Foi ali que senti medo. Que experimentei, pela primeira vez, dançar. Que aprendi a ficar sozinha. Que chorei achando que minha mãe tinha me esquecido. Eu quero tanto te levar lá...tanto...tanto...
E eu estou tão cansada...psicologicamente cansada. Mas sinto que, por mais alguns minutos, não vou ceder. Uma coisa boa em mim é que sou forte e frágil ao mesmo tempo. Quando ponho na minha cabeça que preciso permanecer mais um pouco, assim o faço. O problema é aquela velha história sobre mim, que ninguém sabe : sou imune à uma pedra que me atirem, mas desmancho ao som de uma palavra.
E assim, fraca no pensamento, eu sinto vontade de sofrer um acidente grave. Desses que se é preciso ficar dias internada no hospital. Entre a vida e a morte. Só para você me visitar e me fazer ter vontade de viver de novo.

Um dia você me abraçou e me confortou da dor que você mesmo me causava.

O amor tem dessas coisas: as vezes suspira, as vezes chora.

Eu não acredito que vou alcançar a felicidade. Não. Porque quando ela chega, a gente não se dá conta. Teve uma vez, numa praia, que pensei “ então é isso. O começo da felicidade! E ainda vai vir muito mais, vai ser muito melhor!”. Eu estava completamente enganada. Não viria mais nada. Era aquilo. Era aquele momento. E eu não sabia. Agora eu sei.
Posso me deitar ao seu lado?

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Ainda fico com mtas duvidas se vc realmente existe... cada coisa nova me surpreende.. oq me faz ter cada vez mais curiosidade... espero q possa te conhecer melhor e compreender da onde vem todo o seu talento...

Essa música sempre me disse bastante coisa.. vc sabe bem disso, neh? as vezes, ficava horas e horas pensando na vida com essa trilha sonora... e finalmente encontro alguem q entenda como eu realmente me sinto...

Bjs pra vc!

Ghost

PS:Nunca pare de usar a arte como sua aliada...

6:40 PM  

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