pseudo-arte
No início do ano fiquei sabendo que um tal de Terry Richardson, espécie de ídolo do trash, vinha ao Brasil fotografar o Rio e suas personalidades. Os rumores eram de que o cara fazia um trabalho genial em volta da tão in soft-pornografia e que sua obra era digna de um verdadeiro artista.
Outro dia veio parar em minhas mãos o tal livro, intitulado "Rio, cidade maravilhosa" (título originalíssimo), que foi encomendado pela grife das calças milionárias, Diesel. Fiquei abismada. O que é aquilo? À medida que passava as páginas, pensava como pode ser possível que esse trabalho seja considerado arte? A mais vasta burguesia carioca mostrando todo o seu nada discreto charme em bundas e peitos nas camas do Copa. Uau! No livro, a elite de pseudo-famosos e fashionistas histéricos é mesclada com a estética clichê da pobreza do Rio - afinal, a favela é fashion, gente! E mete uma calça Diesel nessa nega aí - diria Terry. A verdade é que tudo poderia ter ficado (mais?) interessante se o artista fosse realmente um bom fotógrafo. Porém, Terry usa o foco da sua câmera no automático, não está nem aí para enquadramentos e a luz é algo que parece não pertencer ao universo do artista. Os retratos são duros, desleixados, sem qualquer tipo de cuidado. Mas aí podemos contra-argumentar: é de propósito! De propósito por que? O que ele propõe? Qual reflexão ou simples encantamento que seus cliques produzem? Nenhum. É vazio, não existem camadas para se ler o trabalho de Terry. Ele é raso como um álbum de férias da família em Nova Iorque. Não existe poesia. Não é mais chocante ver personalidades e pessoas comuns peladas. Isso é datado, démodé, ou melhor, oldfashion total. O que choca é falta de discurso no trabalho. Ele não provoca, não suscita coisa alguma.
O Rio de Terry Richardson é decadente. E mais decadente ainda são os pseudo-cool´s com seus pseudo-peitos, bundas e paus achando que estão num livro de arte. Eles estão é num pseudo-livro pornô, que não atinge nem a sua categoria, pois não gera tesão algum.
6 Comments:
a única coisa que eu não concordo é com a interrogação do título.
que alívio! achei que a oldfashion era eu qye não tinha achado bosta nenhuma no Livro Arte mais falado do momento.
estranhamente eu fiquei com muita vontade de dar uma olhada no livro.
37 linhas de reflexão acusam que o "pseudo" do título pode ser, no mínimo, questionável.se deu tanto o que falar (escrever!)...
fiquei especialmente curioso pra ver a Brunet e sua filha lado a lado, in natura! haja personalidade
o que pra eles é marketing, in, ou sei-lá-o-que, pra gente é rotina...
texto sensacional, parabéns.
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