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Wednesday, December 26

pseudo-arte

No início do ano fiquei sabendo que um tal de Terry Richardson, espécie de ídolo do trash, vinha ao Brasil fotografar o Rio e suas personalidades. Os rumores eram de que o cara fazia um trabalho genial em volta da tão in soft-pornografia e que sua obra era digna de um verdadeiro artista.
Outro dia veio parar em minhas mãos o tal livro, intitulado "Rio, cidade maravilhosa" (título originalíssimo), que foi encomendado pela grife das calças milionárias, Diesel. Fiquei abismada. O que é aquilo? À medida que passava as páginas, pensava como pode ser possível que esse trabalho seja considerado arte? A mais vasta burguesia carioca mostrando todo o seu nada discreto charme em bundas e peitos nas camas do Copa. Uau! No livro, a elite de pseudo-famosos e fashionistas histéricos é mesclada com a estética clichê da pobreza do Rio - afinal, a favela é fashion, gente! E mete uma calça Diesel nessa nega aí - diria Terry. A verdade é que tudo poderia ter ficado (mais?) interessante se o artista fosse realmente um bom fotógrafo. Porém, Terry usa o foco da sua câmera no automático, não está nem aí para enquadramentos e a luz é algo que parece não pertencer ao universo do artista. Os retratos são duros, desleixados, sem qualquer tipo de cuidado. Mas aí podemos contra-argumentar: é de propósito! De propósito por que? O que ele propõe? Qual reflexão ou simples encantamento que seus cliques produzem? Nenhum. É vazio, não existem camadas para se ler o trabalho de Terry. Ele é raso como um álbum de férias da família em Nova Iorque. Não existe poesia. Não é mais chocante ver personalidades e pessoas comuns peladas. Isso é datado, démodé, ou melhor, oldfashion total. O que choca é falta de discurso no trabalho. Ele não provoca, não suscita coisa alguma.

O Rio de Terry Richardson é decadente. E mais decadente ainda são os pseudo-cool´s com seus pseudo-peitos, bundas e paus achando que estão num livro de arte. Eles estão é num pseudo-livro pornô, que não atinge nem a sua categoria, pois não gera tesão algum.

6 Comments:

Blogger gduvivier said...

a única coisa que eu não concordo é com a interrogação do título.

2:17 PM  
Blogger JULIANA said...

que alívio! achei que a oldfashion era eu qye não tinha achado bosta nenhuma no Livro Arte mais falado do momento.

9:18 PM  
Anonymous Anonymous said...

estranhamente eu fiquei com muita vontade de dar uma olhada no livro.

12:16 AM  
Blogger Ricardo Elia said...

37 linhas de reflexão acusam que o "pseudo" do título pode ser, no mínimo, questionável.se deu tanto o que falar (escrever!)...

fiquei especialmente curioso pra ver a Brunet e sua filha lado a lado, in natura! haja personalidade

4:03 PM  
Blogger MAÌRA DVOREK said...

o que pra eles é marketing, in, ou sei-lá-o-que, pra gente é rotina...

7:33 PM  
Anonymous Anonymous said...

texto sensacional, parabéns.

12:07 AM  

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