Subjetividades

Thursday, July 7

Entraram os dois por aquela grade amarela, trocando passos e beijos extasiados, na escadaria e no quarto andar, como manda o figurino, a noiva suspensa no colo do noivo para conhecer a nova casa onde tudo, tudo, era pensado nela, ele dizia, os quadros, os livros, os móveis, aquilo se derretia no chão de tanto calor, a saia de tule ficando pelo corredor, a gravata amarfanhada num canto, os suspiros contra a parede, dois afobados no apartamento, entrelaçados num nó de purpurinas, as pernas, retinas e bocas cheias das palavras mais baratas de amor verdadeiro, amor daqueles de tirar o fôlego, fazer chorar e morrer sufocado nas lágrimas de quem acreditou na fantasia e foi do céu ao inferno num só dia. Era carnaval. E ela tinha se esquecido.

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