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Thursday, November 14

Body and soul


Tenho acordado ansiosa, uma dor nublada no peito. Sentimento fora de foco, granulado, ainda sem muita definição. Como se algo tivesse sempre na iminência de acontecer. Sinto uma palpitação, um rompante de ânimos e hormônios excitados esperando o bote de um bicho. O espanto. Sigo vivendo, no piloto automático das horas, dando um sorriso legítimo ao próximo, indo ali, indo aqui, mas sem entender o por que. Estou onde eu gostaria de estar. Isso é certo. E isso é ser feliz, me disseram, mas já não sei. Na procura por uma transcendência maior, me perco, afoita, logo na superfície. Me afogo no raso. São tantas palavras, emails, respostas, retornos, vozes ao longe, mensagens, telefonemas que tenho saudade da presença. Da dúvida. Do mistério. Coloco Ella pra tocar e imagino outra época, outras relações. Na banheira, misturo sentimentos de amor, languidez, cansaço e melancolia. Um corpo estendido em banho maria e consigo momentos de reflexão. As vezes vem um nó na garganta, uma vontade de gritar mãe, pega uma toalha?, mas lembro que estou sozinha no apartamento. Me perco em vestidos, sonhos, vinhos, dinheiro, promessas e trabalho. Todo dia, todo dia. 

No meio do engarrafamento, fantasio a plenitude.

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