Subjetividades

Monday, December 4

Ensaio sobre Turner

Um dia ensolarado, e o trem partiu. A paisagem passava como numa memória recente diante da janela de madeira. Ela era jovem. O mundo inteiro para conquistar e todos os erros para cometer. Todas as saudades para viver e todas as lágrimas para chorar. Mas a sensação interior era a de desconhecido.

Por que mesmo partira?

Uma inquietação lá dentro a fazia ter um medo absurdo. Como se soubesse o que estava por vir. Mas tudo tão tranqüilo...a calmaria que precede a tempestade. O coração implorava, implorava para não ser exposto a tal tentação, feito um alcoólatra: ela iria se apaixonar.
Mas a tragédia já estava feita. Nem o maquinista podia impedir. O trem descarrilara antes mesmo de partir.

E por que partira mesmo?


A crueldade dos fatos e a consciente ignorância da menina a faziam de uma doçura única. Não me lembro de ninguém tão doce. Como se suas entranhas estivessem prontas para receber a poesia mais barata. As palavras descompromissadas e pobres que sempre escutara e nunca dera ouvidos. Palavras que soavam como a única e verdadeira forma de conquista. Coitada...contudo, só conhecia tal mediocridade até então. E o perigo estava aí: não foi o que acontecera. O apito do trem já anunciara em alto e bom som - Dê adeus ao trivial.


Ele estava agachado, numa tentativa de acender uma fogueira. Gesto que a fez lembrar-se imediatamente de seu pai. Havia algo familiar na linguagem corporal. No cumprimento, o sofrimento fora selado: olhos nos olhos. Que perigo, meu Deus!!! Era o precipício. E ela já sabia.

1 Comments:

Blogger Thaís Z said...

Ih eu conheço esse texto... é antigo, né? Ou tô viajando?

De qualquer forma, eu gosto! Mas não vou ficar aqui falando muito pq ninguém mais freqüenta os meus textos... então é birra sim! haha

Beijos!

2:31 PM  

Post a Comment

<< Home