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Friday, December 8

Você não acha a vida muito estranha?
Sei que minha pergunta pode parecer um tanto clichê e ingênua, mas, na verdade, não estou me importando com tal constatação no momento porque realmente venho me atendo à essa questão ultimamente, em especial agora. Sei bem que o grande mistério da vida talvez seja o PORQUE disso tudo...mas será que existe o acaso? Por que algumas coisas acontecem? Existe coincidência? Será que nada é por acaso mesmo? Só sei que as vezes fico estarrecida. Parece que estou em queda livre. Você já se sentiu em queda livre por um quarto de segundo que seja? Eu me sinto assim algumas - não muitas - vezes. Como agora. Paro meu eu no tempo para me lembrar de momentos e acontece como se meu corpo inteiro estivesse à flor da pele, meus sentidos muito apurados. Toco meu corpo e sinto uma tempestade de sentimentos: prazerosos, gostosos, assustadores...mas só com a imaginação, sem mover um cílio, sou capaz de sentir tantas coisas aqui dentro que muitas vezes em situações que isso "deveria" acontecer, não acontecem. Aí fico me achando estranha...mas não é estranha a palavra...é que na maioria das vezes essas situações não despertam nada em mim. São muito, muito poucas as que me provocam uma queda livre. E quando vêm são tão únicas que ficam entranhadas aqui dentro. Dá vontade de viver aquele momento para sempre. E como são efêmeras...porém, sei que elas estão eternas em mim, que quando lembro, um turbilhão acontece em meu corpo que as traz presentes por um segundo, para me lembrar que vale à pena viver. E isso é lindo. São apenas algumas situações...alguma simples conjuntura dos astros naquele momento, que o tornam iluminado. Uma respiração. A brisa leve de uma palavra sussurrada ao ouvido. A cor do crepúsculo. O sangue na minha pele. Joni Mitchell. A aflição do meu pé encostado na barra gelada da sala de ballet. O cheiro do veludo. O barulho do pneu do carro nas pedrinhas da antiga casa dos meus avós. Tchaykovsky. Um olhar. Um silêncio. A cor da coca cola com gelo contra a luz. O simples fato de imaginar que neste exato momento você está fazendo alguma coisa que eu não sei. Isso me faz ficar com as pernas fracas e com borboletas na barriga. E muitas vezes quando supostamente esperam de mim que eu me sinta assim, não acontece. Eu não mando nisso, o que posso fazer? Gostaria de acionar um dispositivo em mim para tal, mas é involuntário. Aí fico me sentindo estúpida...fria. Nessas situações tenho emoções mais profundas por uma barata. Ela é mais poética. Aí fico me enganando muitas vezes, tentando buscar, puxar lá no fundo alguma pista do que aquilo alí pode me motivar, para conseguir apreciar, já que na maioria das vezes a outra pessoa mostra-se tão satisfeita, tão feliz. E eu morrendo por dentro, gritando em silêncio para ser salva. Salva por quem? Por mim mesma...dá vontade de correr, fugir. Porque eu não estou presente. Meu corpo está, mas minha alma se foi há muito tempo, lá para onde me sinto segura, que é um lugarzinho que só eu sei onde é. E ela fica lá bem quietinha que é pra ver se volto a ser eu mesma. Parece que estou constantemente com um sapato apertado me incomodando, e aí chego em casa e os tiro. Esse momento é quando encontro minha alma. Que alívio...

5 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Posso ser seu pára-quedas?

11:20 AM  
Anonymous Anonymous said...

Você pode voar:
fale com a gente!
www.quedalivre.pt

11:27 AM  
Blogger Clara Mellac said...

O final me lembrou o Peter Pan procurando a sombra dele.
Acho que é mesmo parecido...

3:44 PM  
Blogger devaneios said...

Catharina, adorei a sua descrição deste sentimento muito estranho! Tenho a impressão de tê-lo reconhecido, ainda que não possa dizer com certeza, ja que a gente nunca sabe se entende o que o outro diz da forma como ele o sente.
Você gosta da Clarice Lispector, né? Porque eu vi um "quê" dela no final do texto. sei la.
beijos!

7:44 PM  
Blogger Thaís Z said...

Chataaaa

Não visita mais meu blog. Humpf!

Agora só vou reclamar aqui no seu.

10:19 AM  

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