Subjetividades

Thursday, April 24

Quando depois do baile não há nada
além do peso no ar e do tilintar
dos sapatos no mármore branco
sozinhos na pista
quando no espelho só se vê o borrado
dos olhos vazios de uma promessa
distante
e quando na madrugada
não há saída senão a lembrança e
só o que existe é um muro alto,
negro e duro à frente

esse é o choro que dói.

Wednesday, April 2

Me deixou em casa ainda
sonolenta da viagem. Foram horas
numa estrada entupida
de rostos cansados e restos de
comida.
Ouvia-se o barulho das garrafas
vazias no banco de trás
a rolar, batendo umas
nas outras. Cheguei abrindo tudo,
portas, malas, geladeira e
torneiras para preencher o
vazio
da casa que não tem mais o
seu olhar doce
e nem barulho de mar.