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Monday, November 27

Ainda vou matar um

que raiva que raiva que raiva que raiva
que raiva que raiva que raiva que raiva
-----------------raiva-----------------------
-----------------raiva-----------------------
-----------------raiva-----------------------
-----------------raiva-----------------------
-----------------raiva-----------------------
-----------------raiva-----------------------
-----------------raiva-----------------------
-----------------raiva-----------------------

que raiva quer raiva que raiva que raiva
que raiva que raiva que raiva que raiva
que raiva------------------------------raiva
que raiva------------------------------raiva
que raiva------------------------------raiva
que raiva------------------------------raiva
que raiva------------------------------raiva
que raiva------------------------------raiva
que raiva que raiva que raiva que raiva
que raiva
que raiva
que raiva
que raiva
que raiva
que raiva
que raiva
que raiva

M ( não sei fazer essa letra, que RAIVA!)



Wednesday, November 22

O Encontro

Segui, por algum tempo, em minuciosa procura. Meu objetivo máximo, ainda que de relance, era sempre averiguar. Vasculhei, entre sopas-requentadas e papéis mal-dobrados, aquilo. A obsessão fez com que esquecesse de fato o que procurava. O que era? Foi que numa lapa de chuva, desesperança e preguiça, caminhei. Os saltos finos, os cílios longos. Olhar de quem não quer. Disfarçando atenção ao papo, encostei no parapeito da janela antiga, observando o rio na rua. Leve piscada distraída. Um sorriso abriu-se diante de mim, como quem abre os braços para um alento. Instantaneamente vi-me nua e protegida, numa contradição deliciosa que só quem se deixa descuidar sabe o prazer de encontrar o que sempre quis.

Sunday, November 19

Poesia fluida em forma de saudade
é essa que a gente exala.
O cheiro do mar e o gosto da brisa quente
me trazem um calor de ontem
sempre agora
num eterno arrepio desfigurado
de azuis e vertigens.

Thursday, November 16

Todo Dia

Pego a caneta com o pé gélido do ar-condicionado.
Solidão no meio dessas vinte e poucas pessoas com sono.
Espio o dia se esvaindo lá fora, que pena,
em nuvem cinza resquício de luz.

E o ponteiro ainda vai dar mais uma volta.

Tuesday, November 14

Eu sempre dúvida
cheguei com uma dor nublada no peito
e aquela voz fora de foco
que você conhece bem.
Mão nos cabelos, seu toque é algodão
quando me perco.
Dá vontade de me perder mais.
Leio calada o detalhe da sua boca quieta
que diz tanto.
Mudamente lhe pedi socorro

Mudamente me socorreu.

Monday, November 13

Madrugada, eu e a cama, já passou da hora de dormir e você pela minha cabeça. Um súbito, um clique, um nome. A lágrima escorreu como quem aperta o botão do térreo. Raiva, ciúme e meia dúzia de palavras na tela. Embrulho no estômago vontade louca de atirar nela. Idéia que incomoda machuca dói ficar relendo a porcaria que eu queria que fosse para mim. Inveja escancarada tomada junto com a pílula. Amor maior não há.

Sunday, November 12

Sobre o intervalo do tempo e o igarapé que não tem fim

Nada é igual a um dia de verão. Tão comum e ao mesmo tempo tão perigoso.
A claridade das horas por de trás do vôo das gaivotas. O pedaço de pano de algodão, já com cheiro de maresia, estendido sobre os grãos de areia, e a brisa. A brisa quente que vem e que vai...que vem e que vai...trazendo sussurros dos gravetos da Amendoeira e de suas folhas ácidas de tão verdes. E levando embora os gritos agoniados das meninas de férias.
Lá longe, vi um barco. Desses coloridos que fazem a vida parecer mais poética. Era de pescador. As redes recolhidas, as iscas nos baldes. Já, já começaria a chacina. Homens sem camisa, de pele queimada e ardida; segurando caixotes, que de tão pesados faziam com que saltassem, reluzentes, as veias de seus braços fortes. As calças dobradas até as canelas, surradas de tanto sal. Os pés descalços, embebidos na água turva que pairava dentro do barco. Rostos secos e interessantemente vividos, dotados de uma grosseria única e quase que especial. E olhares desprovidos da mais ínfima ambição que não o peixe mais gordo do dia.
E aquele barulhinho das gaivotas a cutucar.
As cortinas de bambu quase não agüentam de tanto vento.
Ah...os dias de verão não acabam nunca! São irritantemente longos... As vozes dos cachorros e das crianças, bem ao fundo, se misturam numa permanente ladainha, e produzem uma trilha sonora incessante de choros, gritos e latidos esganiçados. Baixinhos e latentes.
Hoje a melancia estava docinha. E tão macia que, num descuido ingênuo, o suco da fruta escorreu dos lábios vermelhos da menina. A gota passou pelo queixo, desceu pelo pescoço e, já salgada, arrastou-se até o colo. Ela limpou com o dedo, num gesto rápido e correu para água.
Essas mulheres irresponsavelmente tentadoras que só o verão tem. Com suas saias de tecido fino e quadris fervendo, a espera de mãos mais quentes.
Esses dias fazem da minha cabeça uma ressaca, obrigando-me a lhe dizer sem mais: O sopro abafado de janeiro toma conta dos teus olhos, tornando-os ainda mais fulminantes, como uma onda da praia brava. Que vem de mansinho e acaba por me engolir inteira e por completa, sugada pela correnteza das tuas pupilas. Sem volta.

Monday, November 6

Carta #1

Sente-se lisonjeado?
Sinceramente, que bom.
Sentimento de lisonjeio
Sinto eu, que percebo o tamanho apreço que tens por meus textos.
Significa-me bastante.
Sorrio ainda quando te leio.
Sentimento efervescente esse que brota, de coisa antiga e fresca
Simultaneamente.
Sobre você, como estás?
Sinuoso esse caminho da vida...
Seguimos por diferentes estradas de uma bifurcação.
Sou só felicidade no momento
Só amor.
Sorrio como quem acaba de descobrir um
Segredo.
Salto distante entre o
Só e o
Sofrer.
Soma-se a isso o fato de me descobrir com alguém.
Suave
Saudade.